Uma mesma religiosidade dando origem à duas formas de cultos religiosos considerados por muitos (certo ou não) como: uma de "direita" (Umbanda), outra de "esquerda" (Quimbanda); uma voltada para o bem, outra voltada para o mal; uma voltada para a luz, outra para as trevas.
Estudiosos vêem que as duas se complementam. A demonização do culto de ambas ocorre pelo fato da sociedade brasileira as considerarem (principalmente a Quimbanda) como um desafio ao catolicismo e à moral da sociedade.
São religiões brasileiras que reuniram elementos de religiões africanas (mitologia Bantú) e cristãs. Surgiram no início do século XX, condensando com o Candomblé, o Catolicismo e o Espiritismo. Os termos Umbanda e Quimbanda têm origem na língua africana Mbundu.
Hoje, encontram-se terreiros (locais de culto e consultas) que afirmam praticar só a umbanda, outros, só a quimbanda, e até aqueles que praticam os dois (chamados de "umbandoquim").
As duas religiões trabalham com entidades espirituais que são incorporadas por pais e/ou mães de santo. As entidades podem ser: espíritos de guias de luz, mentores espirituais, caboclos, pretos-velhos e crianças. Estas entidades são consideradas como voltadas para o bem, e atuam na Umbanda ou domínio da direita.
Entidades como os boiadeiros, marinheiros, ciganos, baianos e malandros compõem um grupo de entidades pouco moralizadas, fazendo parte de uma linha intermediária. Para praticarem o bem, precisam ser doutrinados e controlados.
Já a Quimbanda utiliza as entidades de esquerda, ou aquelas que podem fazer o mal. São os exús e as pombagiras. A Quimbanda é definida pelos umbandistas como um rito que pratica a magia negra. Mediante encomendas, os exús e as pombagiras realizam feitiços ou contra-feitiços visando favorecer ou prejudicar pessoas. Embora uma ação possa favorecer alguém, ela poderá prejudicar outro. A Quimbanda assim, passa a ser uma dimensão oposta da Umbanda.
A umbanda não encara a questão do bem e do mal como no cristianismo onde o diabo é configurado como aquele só pratica o mal. Na umbanda, o bem é identificado sim com Deus, mas os espíritos tidos como maléficos, são aqueles imperfeitos conforme Kardec definiu. Não são necessariamente maus como o diabo. Eles são caracterizados pela arrogância, orgulho e egoísmo e, geralmente, aceitam agir maleficamente mediante oferendas. No entanto, interlocutores da quimbanda, afirmam existir cultos com uma similaridade muito grande com a umbanda, com transparência e bondade onde são encontrados exús justos e pombagiras fiéis e boas conselheiras conjugais.
Na quimbanda, os exús e as pombagiras são entidades conhecidas como "povo da rua". São mensageiros e guardiões e vibram nas matas, nos cemitérios e nas encruzilhadas, locais onde são deixadas a maioria das encomendas dos trabalhos espirituais. Nas oferendas é comum conter bebidas alcoólicas como cachaça, uísque, vinho, cidra e conhaque; velas, charutos, cigarros.
Umbanda e quimbanda pertencem a uma mesma concepção religiosa, mesmo apresentando práticas de finalidades contrárias. Elas compartilham símbolos e utensílios em seus ritos. A separação direita e esquerda, bem e mal, luz e treva; na realidade se complementam e fazem parte de uma mesma espiritualidade. Juntas, elas refletem todas as intenções e motivações humanas, sem deixar nenhuma de fora.
Estudiosos da religião afirmam que os dois universos (umbanda e quimbanda) opõem-se pela sua natureza, mas eles permanecem ligados. Isto em função de um existir em função do outro. Bem e mal podem até variar entre ser mais ou menos intensos, porém, sempre irão existir.
Como a fé é curiosa..